O filme Divertida Mente é uma daquelas animações feitas para as crianças, mas que faz os adultos pensarem.
Eu particularmente adoro esse tipo de filme porque como boa espiritualista eu acredito que a escritora foi intuída, ou seja, inspirada por uma consciência que está acima de nós a fim de passar autoconhecimento para a grande massa e, isso para mim, é sensacional.
Para mim, toda obra de arte que te faz pensar, sair um pouco da rotina e entrar em contato com seus sentimentos merece divulgação.
E se você quer entender como Divertida Mente tem relação com o autoconhecimento, esse conteúdo é para você.
Universo de Divertida Mente
Divertida Mente é um filme de animação lançado em 2015 pela Disney e Pixar. A história gira em torno de Riley Anderson, uma garota de 11 anos de idade que enfrenta mudanças importantes em sua vida quando seus pais decidem deixar a sua cidade natal, no estado de Minnesota, para viver em San Francisco.
A grande sacada do filme é mostrar a convivência das diferentes emoções dentro do cérebro da Riley com essa mudança de cidade.
Cuidado! as linhas a seguir contém spoiler, se você ainda não assistiu o filme corre lá e depois volta aqui
O filme inicia apresentando as emoções da Riley. O controle da sala central é simples, comandado pela Alegria.
Aqui é importante destacar que a sala central que a animação mostra é o lugar onde as decisões são tomadas no cérebro da garota.

Apresentar a Alegria como a primeira emoção do bebê faz todo o sentido, não só porque ela é uma das protagonistas da animação, mas também, porque ela fundamental para realização humana.
Por dentro das emoções
Quando nascemos só temos Alegria. O pai da Riley reforça esssa ideia dizendo “Aren’t you a little bundle of joy” a tradução literal é “Você não é um pequeno pacote de alegria?”.
Em seguida, a tristeza aparece, mais precisamente 33 segundos depois rs. Porém, a narradora, que é Alegria, não fala muito sobre ela, mais adiante saberemos a razão.
Depois vem o Medo, que segundo a narradora, garante a segurança da Riley. Em terceiro lugar aparece a Nojinho que mantém a garota livre de envenenamento – literal e abstrato, neste caso socialmente.

E, por último, aparece a Raiva. Acho muito interessante quando a Alegria diz que “ele se preocupa muito com possíveis injustiças”.
Além disso, associar a Raiva com injustiça é algo que eu só pude entender nas minhas sessões de terapia, é por essa razão que eu sempre digo que o autoconhecimento está nas entrelinhas.
A Tristeza incomoda
O mais curioso é que depois de explicar a função de cada emoção a Alegria volta a mencionar a Tristeza como “Eu não sei bem o que ela faz”, “Eu olhei e não posso mandá-la embora, então tudo bem, tudo ótimo, tá tudo certo”.
E por que será que a Alegria não gosta da Tristeza?
Por que Ela não sabe qual a sua função?

A resposta é simples, a Tristeza é o contraponto da Alegria. Você só sabe que está alegre porque já esteve triste.
O segundo ponto de virada acontece quando as duas, após uma confusão na sala de controle, são expelidas para fora do local.
Logo, a Alegria convive com a Tristeza e começa a entender a função dessa emoção na vida da criança, parando de praticar a positividade tóxica rs
Brincadeiras à parte, o filme transmite uma lição simples e impactante para adultos e crianças: toda emoção é importante e precisa ser acolhida até a tristeza.
Uma criança que não teve o seu medo, raiva, tristeza acolhida terá problemas na vida adulta, essa relação eu falo mais nesse texto aqui.
E quando novas emoções surgem ainda mais desafiadoras por causa da adolescência?
É sobre isso que Divertida Mente 2 contará .
Divertida Mente 2
Após longos 9 anos, Divertida Mente 2 estreia mostrando Riley mais velha passando pela temida adolescência. A sala de controle também passa por uma adaptação por conta do surgimento de novas emoções.
É interessante destacar que o conceito de subconsciente senso de si, o famoso “Self” da psicologia, é explicado de forma bem didática na animação: memória raiz cria as convicções. E quando você junta todas essas convicções você tem o senso de si.
Explicar conceitos complexos de forma simples é, para mim, o que torna Divertida Mente 2 ainda mais especial.

Novas emoções são apresentadas como ansiedade, inveja, vergonha e tédio. Analisando profundamente, as novas emoções são derivadas das emoções raízes do primeiro filme.
Exemplo, a emoção raiz da ansiedade é o medo, da vergonha é o nojinho, do tédio é a tristeza e a inveja é a raiva.
Para mim, essa análise se torna ainda mais verdadeira quando o Medo fala mais de uma vez para Alegria nas situações decisivas que ”Se fosse Ansiedade ela saberia o que fazer”.
De maneira geral, as novas emoções apresentadas em Divertida Mente 2 não são consideradas legais, boas de se ter e elas aparecem justamente quando a Riley está mais inserida no contexto de grupo, o famoso “fazer parte, ter a sua turma”, algo fundamental para viver em sociedade.
A culpa é da Ansiedade
No primeiro filme antagonista era Tristeza, em Divertida Mente 2 é a Ansiedade.
A Ansiedade se autodefine como a que protege a Riley das coisas que ela não pode ver, então ela planeja o futuro. E em nome dessa proteção o plano da Ansiedade é criar um novo Senso de Si para Riley.
E esse plano não tem como dar certo, porque ele é baseado no medo e essa é a grande mensagem de Divertida Mente 2.

Frases fortes da Ansiedade como “Se a gente gostar do que elas gostam, amizade garantida”, “Não importa quem a Riley é, importa quem ela precisa ser” ou “Eu não sou boa o bastante”, só reforçam esse medo. É por essa razão que todas as projeções que a Ansiedade cria são negativas.
Agora fazendo um paralelo com a nossa vida, quem nunca fingiu ser quem não é só para poder fazer parte?. Eu particularmente fiz muito, quem nunca né?
Dói muito você tentar se encaixar em algo que não faz parte.
Entretanto, olhando por outro ponto de vista, eu ganhei experiência, já que hoje eu sei o que me faz bem e eu não saberia se não tivesse passado pela dor.
Diante da impotência frente a Ansiedade, a Alegria fala algo muito verdadeiro: “Eu não sei como deter a Ansiedade, talvez não dê. Talvez seja isso na nova etapa – quando você cresce – sentir menos alegria”
Esse é o grande desafio da vida adulta.
Assim sendo, a medida em que crescemos nós vamos perdendo a nossa alegria, principalmente quando tentamos nos encaixar nas expectativas dos outros. E, como consequência, vivemos de projeções baseadas no medo.
Joy Is The Key (Alegria é a Chave), Abraham Hicks
Ter alegria é a razão do nosso ser, é através da alegria que a lei da atração acontece os Abrahams canalizados pela Esther Ricks falam muito sobre isso.
Não é por acaso que a Alegria lidera as outras emoções na animação.
Portanto, assim como no final de Divertida Mente 2, nós temos que acolher todas as emoções, ou seja, as boas e as ruins. E as memórias que criaremos serão uma mistura de todas elas, tornando-nos seres únicos.